11 março 2018

Gato, me chama de instalação multimídia e vem interagir comigo!

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Bom dia (de um domingo, para ser mais específica).

Nada como uma excelente cantada de pedreiro para começar a saga de posts dentro da disciplina de Instalações Multimídia!

Enfim, vamos ao que realmente interessa. Este post é referente à primeira atividade da cadeira, que consiste em ler um artigo de Sogabe sobre a definição e composição de uma instalação multimídia interativa, e justificar um exemplo de instalação com argumentos expostos no artigo. O exemplo que escolhi vem de fantasmas de cadeiras passadas. Foi desenvolvido pela Smart Ideas, uma fabricante de carros americana, em uma de suas campanhas de conscientização no trânsito.

Trata-se de um sinal vermelho que dança.

O quê?!

Isso mesmo. Olha só o vídeo abaixo:



Para diminuir um agravante social de educação no trânsito, foi desenvolvida uma instalação multimídia no meio da rua que capture os movimentos de pessoas e os reproduza na placa do sinal vermelho.

Todo o processo de captura de movimentos foi planejada dentro de uma cabine preta, onde o pedestre entrava e dançava em frente a uma câmera, com uma projeção de como fica na placa vermelha.

Por estarem prestando atenção na dança do bonequinho vermelho, os pedestres não só obedeciam a lei de trânsito, como o faziam se divertindo. No final das contas, o pedestre foi educado a um comportamento que não acontecia (ou acontecia pouco) antes da interação, e de uma forma atraente nada incisiva.



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 Ok, mas... Por que isso é considerado uma instalação multimídia interativa?


De acordo com o artigo de Milton Sogabe "Instalações interativas mediadas pela tecnologia digital: análise e produção", existe uma série de fatores que categorizam uma instalação multimídia interativa, a contar 7: espaço,  evento, público,  interfaces, interatividade, gerenciador  digital e dispositivos.


Vamos começar essa análise de uma forma bem psicopata: cortando em partes?


Espaço 

O espaço aberto ou fechado implica em tornar público o que as pessoas vivenciam, ou então, isolar visualmente os  acontecimentos  daquele  espaço.

A solução de organização espacial da instalação deve estar relacionada aos conceitos da obra. Enfim, o que queremos apontar é que uma instalação, não precisa necessariamente ser uma sala retangular, fechada e escura. Pode ter todas as formas possíveis, adaptando-se aos objetivos do projeto.

Sabendo que a instalação deveria capturar os movimentos da pessoa e transmitir ao vivo na placa de sinalização, foi projetada uma cabine escura, com isolamento de som e iluminação.

Além do próprio espaço da faixa de pedestres, em que a instalação atinge outro grupo de público. Sendo assim, é uma instalação com dois ambientes que atingem públicos diferentes.

 

Evento

Denominamos evento, tudo o que acontece no espaço da instalação.

Esses objetos não se configuram com um evento, mas podem nos incitar a interagir com eles, detonando algum acontecimento no ambiente.

Assim que o público se depara com o sinal vermelho se movimentando diferente, já acontece o evento do impacto de curiosidade, e em seguida o ato de parar.

Já o público que participa da instalação experimenta, ao entrar na cabine, de se ver na projeção de vídeo, de ouvir a reprodução do áudio, de interagir com o espaço de dança, até de ver a reação dos pedestres diante da dança.



Público

O público não é mais considerado apenas um ser visual, ou um ser pensante, ou um ser ouvinte, mas sim um ser que possui um corpo, com um sistema sensório complexo, que funciona percebendo o ambiente de acordo com sua memória e sua cultura.

As sensações corporais, presentes só num parque de diversões, podem estar também presentes nessas obras e não só as sensações visuais, sonoras ou a reflexão. A participação das sensações corporais não pode ser pensada como um impeditivo para a reflexão, ou como elementos separados. 

O público  é  um  elemento  físico  presente  na  instalação  e  que o artista tem de considerar como parte da instalação.

O público que interage com a instalação está nos que obedecem à sinalização ao se atingir pela curiosidade do boneco dançante. Por mais que não haja uma interação mais direta, existe um impacto emocional provocado no pedestre - ele parar para ver o boneco -, resultando num evento - o ato de obedecer à lei da faixa.

Já o público que participa da instalação, no caso, são os que entram na cabine. Dançando no palco, olhando-se na projeção de vídeo, ouvindo a música, são os exemplos mais claros de interação com o espaço.


Interatividade

Há 3 graus diferenciados de interatividade. Plaza indica 3 graus de relação entre público e obra, que são: primeiro grau – a obra aberta, onde o público pode participar da obra através de sua interpretação, fato novo para o contexto de uma arte mimética; o segundo grau surge na obra participativa, onde a obra já existe fisicamente e o público vai vivenciá-la; e o terceiro grau é a obra interativa, propriamente dita, onde a obra está relacionada à tecnologia digital, que possibilita a virtualidade das informações, que se atualizam somente no contato com o público.

A interatividade do público pode acontecer através de qualquer ação do corpo, do simples apertar de um botão, até a utilização de seus estados emocionais. A interatividade pode solicitar uma ação individual ou conjunta, com uma dupla ou com um grupo maior.


Nesse caso, há interatividade tanto no nível de segundo grau - com o público de pedestres que se deparam com a sinalização vermelha e interagem por meio da obediência à lei atiçada pela curiosidade - quanto no de terceiro grau - por meio dos dançarinos que entram na cabine e interagem com o espaço fechado da instalação.


Interface

A interface torna-se aqui um órgão perceptivo do ambiente, através da possibilidade de uso de vários tipos de sensores que temos à disposição. 

A interface não é só um aparato tecnológico, mas está diretamente relacionada à produção da poética da instalação.

A interface da instalação em questão se resume à sinalização de pedestres, já que ela interage com o primeiro tipo de público por meio da animação do bonequinho, e à cabine preta para o segundo tipo de público, através da percepção do ambiente pelas câmeras e sensores de movimento.


Gerenciador digital 

O gerenciador digital, nesta instalação multimídia, encontra-se justamente na troca de comandos de entrada e saída ao gravar o público dançando na cabine com a câmera e o sensor de movimento, o conversor da imagem para o estilo de animação do bonequinho vermelho.


Dispositivos 

Os dispositivos utilizados nessa instalação multimídia consistem em câmeras, sensores de movimento, microfones, transmissor da imagem da placa. Todos eles movidos à bateria ou energia, com o objetivo claro de comunicar os dois espaços em uma instalação só.



Então, ainda acha que o Sinal Vermelho Bailarino não é uma instalação multimídia interativa?

Até mais!